terça-feira, 27 de outubro de 2009

Chicletes com xilitol - mais um aliado da saúde bucal.

Mascar chicletes adoçados com xilitol é a mais nova estratégia para o combate à cárie. Ao contrário do sorbitol e do manitol, adoçantes não cariogênicos e não calóricos já utilizados nos chicletes em substituição à sacarose, o xilitol possui uma ação direta sobre os agentes da cárie, principalmente o mais perigoso deles, a bactéria Streptococcus mutans. As bactérias precisam gastar uma grande quantidade de energia para absorver o xilitol, e mesmo assim, não conseguem metabolizá-lo. Assim, acabam intoxicadas.

No mercado europeu, o xilitol já é utilizado há mais de 20 anos. No Brasil, apenas recentemente os fabricantes de chicletes começaram a investir em produtos com o novo adoçante, que apesar de mais caro, é tão doce quanto o açúcar. Segundo o CD Urubatan Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Odontologia de Prevenção de Saúde (Aboprev), a oferta de produtos adoçados com xilitol deve crescer rapidamente. "A utilização do adoçante já está aprovada em mais de 40 países em forma não apenas de chicletes, mas também pastilhas, cremes dentais, colutórios e adoçantes, alguns inclusive associados ao sorbitol", diz ele.

Por conta das propriedades superiores do xilitol em relação a outros adoçantes, muitos dentistas já estão recomendando a seus pacientes que consumam chicletes com xilitol por pelo menos cinco minutos após as refeições. No entanto, alguns aspectos precisam ser considerados para que não se propague a idéia de que o simples consumo de chicletes ou pastilhas com xilitol seja uma garantia contra a cárie. O professor Jaime Cury, da Faculdade de Odontologia da Unicamp, adverte que o tempo de ação da substância é curto. "Hipoteticamente, o xilitol modifica a qualidade da placa através da redução do número de bactérias cariogênicas. No entanto, sua ação é de 30 minutos em média. Assim, seria necessário mascar de três a cinco chicletes adoçados com xilitol por dia, para que algum resultado fosse alcançado", afirma o professor.A concentração da substância é outro detalhe importante. Segundo a CD Sonia Harari, doutora em Prevenção e coordenadora dos Cursos de Pós-graduação da Faculdade de Odontologia da UFRJ, é preciso que o chiclete tenha no mínimo 25% de xilitol para que suas propriedades bactericidas sejam mantidas, já que concentrações inferiores são insuficientes para proteção contra a cárie.Sonia adverte, entretanto, que o consumidor brasileiro precisará se familiarizar com os chicletes adoçados com xilitol. "Muita gente compra o chiclete e joga fora, pensando que o produto está estragado. No entanto, a aparência pegajosa do produto se dá porque o xilitol tem a propriedade de absorver umidade", explica Sônia.O CD Sérgio Weyne, professor de Microbiologia do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense (UFF), lembra que a associação do xilitol com as gomas de mascar é de fato muito interessante, já que os chicletes estimulam o fluxo salivar, aumentando o potencial anticariogênico do xilitol. "Nestes produtos, quanto maior a concentração do adoçante, melhor. Já nos cremes dentais e líquidos para bochecho, uma concentração de 10% é aceitável", diz o professor.

Algumas pesquisas

Na natureza, o xilitol é encontrado em alguns alimentos como o alface, a cebola, a cenoura, a uva e o morango, mas também é produzido em pequena quantidade pelo corpo humano. Industrialmente, o xilitol é produzido a partir da casca de algumas árvores. São muitas as pesquisas que comprovam a eficácia do xilitol. Em julho deste ano, o Journal of the American Dental Association publicou um trabalho coordenado pelo Dr. Gary Hildebrandt, da Faculdade de Odontologia da Universidade de Minnesota, que reuniu 141 pessoas com taxas elevadas de bactérias cariogênicas. Durante duas semanas, elas utilizaram produtos com clorexidina para enxaguar a boca. Depois, o grupo foi dividido em três. No primeiro, as pessoas mascaram chicletes com xilitol por no mínimo cinco minutos após as refeições. No segundo grupo, mascou-se um chiclete adoçado com outra substância não calórica. O último grupo não utilizou nenhum tipo de chiclete após as refeições. Após três meses, os pesquisadores verificaram que o primeiro grupo foi o único onde as bactérias permaneceram suprimidas. Os números continuaram baixos quando comparados com as taxas encontradas a partir do uso da clorexidina. O Dr. Hildebrandt disse acreditar que o xilitol poderá beneficiar muito quem tem problemas em controlar a cárie mesmo quando eliminam doces da dieta e utilizam produtos com flúor. Entretanto, ele ressaltou que os bons resultados do xilitol só são alcançados quando ele é utilizado como único adoçante. A capacidade do xilitol em impedir a transmissão de bactérias cariogênicas de mãe para filho também já foi comprovada, como lembra a prof. Sonia Harari: "Uma pesquisa publicada este ano demonstrou que mães que utilizam goma de mascar com xilitol três vezes por dia transmitem menos o Streptococcus mutans para seus filhos do que as mães que fazem tratamento com clorexidina."Na Universidade de São Paulo, uma pesquisa foi desenvolvida recentemente, sob a orientação do prof. José Roberto de Magalhães Bastos, de Bauru, sobre a capacidade do xilitol em impedir a colonização bacteriana precoce em bebês. No interior de chupetas anticariogênicas, foram introduzidos comprimidos de xilitol. Através de pequenos orifícios no bulbo da chupeta, a substância foi dissolvida pela saliva, espraiando-se nas bocas dos bebês. A pesquisa foi realizada em Bauru, onde a água é fluoretada, e em Votorantim, onde foi utilizado um complexo de flúor e xilitol, já que a água da cidade não é fluoretada. Os resultados comprovaram que o xilitol de fato impede a colonização precoce de bactérias, especialmente o Streptococcus mutans, nos bebês.


Fonte: Medcenter / Brasil.

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